quinta-feira, 1 de novembro de 2012


Autor do artigo: Mário Keiteris- PY2 M X K    -     Radioamador Veterano e Escritor      -         outubro/12



Dia destes visitou-me um amigo que não é radioamador, vindo a perquerir-me sobre o radioamadorismo. Perguntando-me :        "Eu gostaria de saber porque um radioamador fica horas e horas na frente de um rádio ouvindo chiados, e de vez em quando, alguém fala como o "Pato Donald", e no fim das contas, coleciona cartões postais?       


 Eu gostaria saber o que existe realmente de bom no radioamadorismo?".

Ao ouvir esta pergunta, percebi que ele não tinha nenhuma noção do radioamadorismo, mas a sua falta de saber não ficou em brancas nuvens, ao contrário, eu lhe revelei algumas características do radioamadorismo.
Expliquei-lhe que:      O radioamadorismo é um hobby científico com diversas modalidades.     

O radioamador é a pessoa que procura manter funcionando uma estação de radiocomunicação, ora para comunicados e conversas informais, bem como para concursos e competições nacionais e internacionais.         
Além dos "bate-papos" e contestes, o radioamador pode auxiliar as autoridades da Defesa Civil nas situações de risco e calamidades públicas, levando as comunicações aos mais longínquos rincões, por exemplo, ao interior da Amazônia ou da Savana Africana.     
 Algumas dessas modalidades utilizam-se do Código Fonético Internacional e do Código Q em sua comunicação que é muito utilizada por radioamadores no mundo inteiro em troca de informações e mensagens, tanto em curtas quanto em longas distâncias.         
 Estes códigos são utilizados por serviços diversos, tanto civis quanto militares, e também por profissionais e empresas que utilizam a radiocomunicação como fator de contato entre seus integrantes.          
Para ser radioamador e necessário obter o indicativo e a licença que é outorgada pelo governo brasileiro (ANATEL), antes porem e necessário um exame de qualificação, capacitação técnica e habilidade.          
Para poder comunicar-se é indispensável possuir um transceptor de HF pelo menos, e uma boa antena, isso só para começar.         
 O cidadão perscrutou o meu mapa mundi especial para os radioamadores que consta a divisão do globo terrestre em graus, para assim poder dirigir a antena ao local ou o pais que pretende-se contatar, segundo o horário e a distancia de cada pais.          
 Ele ouviu, viu, e acompanhou-me enquanto fazia comunicados com muitos pontos do  globo terrestre, viu algumas experimentações eletrônicas.              
 Ouvimos o áudio puro e "límpido" das transmissões em FM;    
 Ouvimos no meu equipamento os longos câmbios dos operadores do modo AM;           
 demonstrei  performances operando o batedor de telegrafia;      
 ouvimos as rodadas;       
 informei-lhe que o radioamadorismo foi a primeira web que se tem conhecimento, abnegados radioamadores transformando peças eletrônicas usadas em transmissores, com isso se conectaram com o mundo via ondas hertezianas, pode se dizer que estes radioamadores foram os pioneiros da Internet de hoje.            
origens remotam ao menos o final de 1800, o radioamadorismo, como o conhecemos e praticamos hoje em dia, começou praticamente em 1900.         
 A primeira lista (CallBook) de estações de radioamadores encontra-se no First Annual Official Wireless Blue Book of the Wireless Association of America de 1909.         
 Este primeiro Callbook, lista as primeiras estações de telegrafia sem fio do Canadá e dos Estados Unidos, incluindo 89 estações de radiodifusão.           
 O nascimento do radioamadorismo esta fortemente associado a vários experimentadores radioamadores.          
 Ao longo da historia, o radioamadorismo tem feito contribuições significativas a ciência, a engenharia, a industria, e serviços sociais.         
 A investigação realizada por operadores do radioamadorismo ajudaram a fundar novas industrias, construindo economias e salvando vidas em momentos de emergência.           
 Os radioamadores usam diversos modos de transmissão para comunicar-se.             
 A transmissão de voz é a mais comum, pôr exemplo: Freqüência Modulada (FM), que oferece um áudio de alta qualidade, modulação em banda lateral única (SSB), que oferece comunicações confiáveis a longa distancia, quando esses sinais são marginais, o sistema opera com meia banda restringida sacrificando a qualidade do áudio.            
 A radiotelegrafia utiliza o Código Morse (também conhecido por “CW” do contínuos wave, onda continua), é uma atividade que data aos primeiros dias do rádio.          
 A extensão sem fio da telegrafia das linhas de terra desenvolvidas por Samuel Morse foi o método de comunicação a longa distancia predominante no século 19.        
 Porquanto os modos e métodos baseados nos computadores (digitais), substituíram completamente o CW para as aplicações comerciais e militares, muitos radioamadores ainda desfrutam usando esse método de comunicação a longa distancia, particularmente nas ondas curtas e para trabalhos experimentais como : a comunicação Terra-Lua-Terra, com suas vantagens inerentes ao sinal/ruído, bem como rastrear e rebotar em meteoritos.         
 Consta do currículo de aprendizado dos astronautas a necessidade de demonstrar habilidade com o conhecimento especifico do CW. 
O Código Morse, utilizado grupos de códigos acordados internacionalmente, permite comunicações entre radioamadores que falam deferentes idiomas.           Também é popular o transmissor apenas de CW de construção caseira, já que é mais fácil de ser construído.            
 Outro equipamento popular de construção caseira é o transmissor de Amplitude Modulada (AM), esse transmissor foi muito perseguido por muitos entusiastas do radioamadorismo em sua época, os amadores da era da tecnologia das válvulas.        
 A atividade do radioamadorismo é em boa parte recreativa e no sentido de re-criar, digo, experimentar tecnologias com a finalidade de conhece-las e compreende-las para mais adiante utilizar-se das aplicações meramente utilitárias.       
 Alem de que o espírito do radioamador é moderno e inovador, mantendo um grande afeto pelas técnicas do passado.        
 Durante muitos anos, foi necessário demonstrar habilidade com o Código Morse que era um requisito essencial para obter o indicativo e a licença de radioamador para operar as bandas de alta freqüências (freqüências inferiores a 30 MHz), porem mudanças posteriores na regulamentação e legislação internacional de 2003, que deixava de ser um requisito obrigatório global, ficando sua aplicação restrita apenas as administrações governamentais de cada pais.             
 Como exemplo : A Federal Communications Commission dos Estados Unidos retirou paulatinamente esse requisito para todas as classes de licenças a partir de 23 de fevereiro de 2007.          
 A orientação por rádio (ARDF = Amateur Radio Direction Finding), aqui no Brasil chamamos de caça a raposa, é um esporte que consiste em encontrar um rádio transmissor escondido, usando um receptor de rádio, um mapa e uma bússola.        
Para esta finalidade é usada a banda de 2 metros VHF, ou a banda de 80 metros HF, do radioamador, este esporte é referendado pela IARU International Amateur Radio Union.          
 Os comunicados de longa distancia entre as estações de radioamador são chamadas de DX, que significa : “(D) distancia, (X) desconhecida”.         
 Também é uma pratica habitual a de realizar expedições a lugares remotos, a lugares de difícil acesso, a paises que devido a nula participação de radioamadores locais, simplesmente pela falta de desenvolvimento do próprio pais, que não conseguem conectar-se com o mundo em situações normais.         Conseguir realizar e confirmar o contato com estas expedições motiva tanto aos que promovem esta iniciativa, bem como ao radioamador que esta em sua própria casa desfrutando o momento.           
 Alem de tudo estas expedições possuem um alto espírito altruísta, e inclusive quando trata-se de lugares desfavorecidos, cedem e doam seus equipamentos para o desenvolvimento local dos paises visitados.          Radiotelegrafia (CW), Modulação em Amplitude (AM), Banda Lateral Única (SSB), tanto a superior (USB), como a inferior (LSB), Modulação em Freqüência (FM), e Modulação em Freqüência de banda estreita FM-N).         
 Ultimamente os radioamadores tem adotado também os modos de operação digital : FAX, SSTV, PACTOR, ROS, radioteletipo (RTTY), packet radio, que emprega o protocolo AX-25 ( que é uma variante do X-25), sobre o qual com o correr dos tempos montaram-se outros, tais como o TCP/IP universalmente empregado na Internet  já desde a década de 1970.     
 PSK31 que facilita as comunicações de baixa potencia em tempo real, sobre as bandas de ondas curtas.      Echolink que utiliza a tecnologia de voz sobre IP (VoIP), tem permitido aos radioamadores comunicar-se através de repetidoras locais conectados a Internet e nodos de rádio.     
 IRLP tem permitido a vinculação dos repetidores para proporcionar maior área de cobertura.         
 As transmissões de SSTV (Slow Scanning Television) no radioamadorismo, tiveram início no ano de 1958 quando um grupo de radioamadores liderados por Copthorne MacDonald VY2 C M, se interessaram em enviar imagens nas faixas de FM/HF.    
Este sistema permite transmissões internacionais e intercontinentais de imagens, pois utiliza as mesmas faixas de fonia e o mesmo espectro de 3KHz utilizado para transmissão de voz.       
 Para reduzir a banda passante que era de 6 MHz na TV, para apenas 3 kHz no SSTV, foram estabelecidos no SSTV padrões próprios. O tempo de transmissão de cada campo aumentou de um trinta avos por segundo (1/30) para oito segundos (240 vezes). 
O número de linhas por campo foi reduzido de 525 para 120 (4,375 vezes).         
 A resolução horizontal também foi reduzida na mesma proporção do número de linhas verticais (4,375 vezes).        
 Como resultado, obtivemos: 6 000 000 Hz/ (240 x 4,375 x 4,375) = 1 306 Hz, que cabe, folgadamente, na gama de voz, que é de 2500 - 300 = 2200 Hz.         
 A informação de vídeo é enviada em forma de sub-portadora modulada em freqüência, com variação entre 1500Hz e 2200Hz, onde 1500Hz corresponde ao nível preto e 2300Hz corresponde ao nível branco.         
Os sinais de sincronismo horizontal e vertical são enviados como salvas de tons de 1200Hz.         
 As comunicações aeroespaciais é uma das áreas com mais futuro na exploração do espaço e das radiocomunicações.            
 Eis aqui, também um fato inusitado, mais de 70 satélites construídos por radioamadores foram lançados nas ultimas quatro décadas.                
O numero é surpreendente devido a estes sofisticados e únicos veículos espaciais serem pouco conhecidos fora da fraternidade radioamadoristica.            
A maior organização da atualidade envolvida com a atividade espacial e a Radio Amateur Satellite Corporation (AMSAT) com sede em Washington DC.         
O primeiro satélite de Radioamador foi construído por um grupo de amadores californianos que criaram um clube e se autodenominaram Projeto Oscar, construído o primeiro satélite de radioamador em 1961.             
Desde então a maioria dos satélites feitos por amadores foram chamados de OSCAR.          O Projeto OSCAR construiu os primeiros quarto satélites.            
Então em 1969 foi fundada a AMSAT cujo primeiro satélite a entrar em órbita foi o OSCAR-5, construído por estudantes Australianos.         
Assim sendo, esta previsto para o final do ano o lançamento de um satélite de radioamador para entrar em órbita de Vênus, e, desta forma o radioamadorismo já adentra a era espacial com comunicações aeroespaciais na exploração do cosmos.   Como de praxe os comunicados entre os radioamadores geralmente confirmam-se mediante troca de cartões chamados de “QSL”, esses cartões refletem por escrito os detalhes que servem para confirmar o contato bi-lateral realizado com uma outra estação; o indicativo de chamada, o nome do operador, a posição geográfica em formato Maidenhead Locator, a freqüência utilizada, o modo de transmissão, tipo de transmissor, tipo de antena, o importante é a data, e a hora na base do Tempo Coordenado Universal, (UTC), pois servem como prova escrita do dito contato.        
 Muitos radioamadores mostram com orgulho sua coleção de cartões “QSL”, as quais confirmam sua perícia e trabalho como radioamador.         
 Não prima somente pela quantidade de cartões, existe um verdadeiro fervor na busca para realizar contatos difíceis, que são recompensados com a chegada do cartão “QSL”, confirmando o contato tão almejado.          
 Na atualidade e também graças a Internet, teve inicio uma nova tendência, a de se usar a confirmação do contato numa versão digital do dito cartão “QSL”.          Os interlocutores anotam neste caso os dados do contato na base dos dados digitais, os quais ao ser cruzados telematicamente validam o contato bi-lateral.         Posteriormente os radioamadores podem imprimir o resultado em uma confirmação de papel, evitando assim o uso do correio, parece que o amigo meu ficou surpreso, entusiasmado e satisfeito com esta minha rápida explanação sobre o que é o radioamadorismo.


Autor do artigo: Mário Keiteris - PY2 M X K

Na esperança de que o presente artigo seja do agrado de todos espero seus comentários, críticas ou sugestões, pôr agora despeço-me com um forte e cordial      73.