terça-feira, 6 de julho de 2010

Radioamador de Ribeirão Preto (SP) ajuda vítimas no Nordeste



De sua casa em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), o técnico de informática Renato Sbardelini, 42, busca informações sobre as enchentes no Nordeste e as repassa a outras pessoas, em tempo real. Não utiliza para isso Twitter, Orkut ou MSN.

Prefere uma rede social mais antiga, que, mesmo com o avanço da internet, mantém seguidores fiéis: a comunicação por rádio.

A atuação como Defesa Civil em catástrofes como as enchentes que destruíram cidades do Nordeste na semana passada e o terremoto que atingiu o Haiti, no início deste ano, é o que mais atrai e garante a sobrevivência do radioamadorismo, segundo o caminhoneiro Rogério Aristides da Silva Pereira, 32.

"Quando tudo falhar, pode estar certo de que o rádio vai funcionar e estabelecer uma rede de comunicação."

Foi o que aconteceu no caso do Haiti, quando os tremores que mataram a brasileira Zilda Arns destruíram a rede de telefonia do país.

"Nós mantínhamos contato, repassávamos informações sobre o que estava acontecendo para as autoridades e para os grupos de ajuda", disse Sbardelini.

No caso das enchentes do Nordeste, o técnico em informática cumpre o mesmo papel. Ele diz passar, ao menos, dez horas por dia conversando ou simplesmente ouvindo o que é discutido no rádio.

Não é só para essa vigilância voluntária, porém, que o radiomadorismo é usado pelos ribeirão-pretanos.

Como suas similares no mundo virtual, a rede social por ondas de rádio também serve para bater papo, fazer novos amigos ou estreitar laços com os já existentes, afirma o presidente da Casa do Radioamador de Ribeirão Preto, Rogério José Mello, 42.

Segundo ele, a principal diferença entre os radioamadores e outros meios de comunicação é a curiosidade que os primeiros têm de montar sua estrutura.

"Quem é radioamador gosta de experimentar coisas, de montar equipamentos. Basta eu ter uma antena e meu radinho que consigo falar com o mundo inteiro."

A associação que Mello preside foi fundada em 1964 e chegou a 2010 com apenas 34 associados. Em Ribeirão, ele estima em 300 o número de radioamadoristas.

Fazer parte desse universo significa possuir um equipamento certificado pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), pagar anuidade e fazer prova para a obtenção de uma licença.

Para atuar em situações de emergência no auxilio à Defesa Civil, porém, esses requisitos não bastam.

É preciso estar vinculado ao Rener (Rede Nacional de Emergência de Radioamadores), ligado a órgãos da Defesa Civil do Brasil.

Apesar da facilidade que outros meios têm, atualmente, de comunicação instantânea --o que os rádios fazem há pelo menos um século--, Pereira diz acreditar que o radioamadorismo não irá acabar. Pelo contrário, diz, a internet pode até ajudar no aperfeiçoamento do hobby.

Um exemplo do encontro entre as duas tecnologias pode ser visto no escritório de Sbardelini. Em fevereiro, ele inaugurou seu echolink -uma estação virtual de radioamadores a que usuários de todo o mundo têm acesso. Quem não é habilitado pode ouvir, mas não participar.

Link Original:
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/757948-radioamador-de-ribeirao-preto-
sp-ajuda-vitimas-no-nordeste.shtml