segunda-feira, 5 de outubro de 2009

AS BANDAS DE VHF

A HISTÓRIA DO VHF

A sigla VHF, denominação popular de ondas métricas, representa o segmento do espectro de ondas eletromagnéticas compreendidas entre 30 MHz (exclusive) e 300 MHz (inclusive).
Visto que a utilização de VHF só se tornou popular entre os radioamadores brasileiros na década de 70, poucos radioamadores vão acreditar que sua tecnologia é mais antiga do que a das ondas médias e curtas.
De fato, Heinrich Hertz, em 1884, já gerava ondas de 100 MHz com seu transmissor de faísca, com a entrefaísca ligada a um dipolo terminado com dois discos de metal, representando carga capacitiva. O receptor, a 9 m de distância, era um loop ressonante de uma espira, entre cujo entre ferro pulava faisca cada vez que o transmissor de 100 MHz era acionado. Mais tarde, em 1894, Lodge substituiu o loop por um coesor de Branly, com o qual conseguiu aumentar o alcance do transmissor de VHF de Hertz à distância de 30 m.
Os primeiros experimentadores de rádio operaram, por acaso, em freqüências elevadas. Visto que os circuitos acoplados aos geradores de faísca eram pequenos, eles inerentemente ressonaram em freqüências elevadas. Na ltália, Righi gerou ondas de I 000 MHz em 1890, outros inventores italianos chegaram a 3 000 MHz, e na índia, na virada do século, Bhose já trabalhou com microondas e com guias de ondas primitivas. Obviamente, a medição das freqüências, através dos comprimentos de onda correspondentes, foi efetuada por meio de linhas Lecher, inventadas em 1889. Marconi iniciou seus trabalhos de rádio em 1895 com 150 MHz, na banda de 2 m, e até utilizou refletor parabólico para concentrar o feixe e aumentar o alcance, antes do fim do século
Todos chegaram à conclusão de que, para aumentar o alcance, deveriam utilizar comprimentos de onda maiores. Assim, a tecnologia VHF ficou hibernando durante vinte anos.

Coube aos radioamadores o mérito de ressuscitar o VHF. No número de outubro de 1924 da QST, órgão oficial da ARRL, o editor técnico publicou o primeiro artigo com os detalhes de construção de um transmissor de 5 m (60 MHz), utilizando como oscilador uma válvula C-302, da qual retirou a base para reduzir a capacitância intereletrodos. Os radioamadores o copiaram utilizando válvulas tipo 45 e 7lA de sucata.
A revista QST deu grande impulso às freqüências acima de 30 MHz. Na edição de julho de 1931, o editor técnico Jim Lamb publicou um artigo de onze páginas sobre os osciladores de UHF, chegando com as válvulas da época a 600 MHz (50 cm), com circuitos Barkhausen-Kurz e tecnologia Gill-Morrell. No mesmo número, o editor técnico assistente Ross Hall publicou um receptor super-regenerativo de três válvulas para 60 MHz (5 m), que era, na época, a banda de radioamador correspondente à nossa faixa atual de 50 MHz (6 m). No número seguinte, em agosto, Ross Hall, que foi um dos grandes pioneiros de VHF, publicou um transceptor com duas válvulas 7 I A em push-pull, modulados em AM por duas válvulas 47, ligadas em paralelo. Ele conseguiu operação duplex entre duas estações, utilizando 56 MHz de um lado e 60 MHz do outro.
Nas três décadas que se seguiram, o VHF era só objeto de experiência de poucos experimentadores, mas, na década de 60, a indústria eletrônica especializada em equipamento de radiocomunicação profissional teve que procurar sucessor ao sistema de modulação AM que dominou até então as comunicações em fonia.
A decisão sobre a modulação sucessora da AM foi diferente para ondas curtas e para VHF. Em ondas curtas, a opção recaiu sobre o SSB, ao qual os vários estudos atribuíram uma vantagem de 12 dB sobre AM. Em VHF, e contrariamente às comunicações aeronáuticas, que já estavam utilizando em escala mundial AM nas comunicações de fonia em VHF, a escolha recaiu sobre a FM de banda estreita (desvio de ± 7,5 kHz). Para fins de comparação, podemos lembrar que a radiodifusão em FM trabalha com banda larga (desvio de ± 75 kHz), enquanto os telefones sem cordão trabalham com FM super estreita (desvio de ±3 kHz).
Para nós, radioamadores, é interessante mencionar que a primeira demonstração pública de modulação em freqüência, inventada e patenteada pelo major Edwin Howard Artnstrong, em 1933, foi realizada da casa do radioamador C.R. (Randy) Runyon, W2AG, situada à North Broadway 544, em Yonkers, até a sede do Institute of Radio Engineers (IRE), na rua 39, em Manhattan, na cidade de Nova Iorque.
A introdução de FM nas bandas de VHF de radioamadores conquistou os Estados Unidos na década de 60 e os países latino-americanos na década de 70, especialmente devido ao aparecimento de estações repetidoras que aumentaram o alcance além dos limites de visibilidade direta entre as duas estações em contato. Até meados da década de 70, os transceptores eram equipados com cristais avulsos, porém a freqüência sintetizada tomou conta rapidamente do mercado, seguida por scanners, memórias, subtons, chamadas seletivas codificadas e uma série sem fim de outros atrativos e de sofisticações de ordem técnica.
Inexiste sombra de dúvida de que o advento do VHF liberou o radioamador de seu shack, facilitou o seu contato com o mundo no carro, na rua, em excursões, viagens etc., devido às dimensões e ao peso reduzidos do equipamento e da antena, especialmente nos handy-talkies e transceptores de bolso de colete. Eles podem colocá-lo em contato com a rede telefônica e com o mundo, de qualquer lugar onde possa acionar sua repetidora com autopatch.
Para se comunicar com o mundo, o operador de VHF nem precisa recorrer ao sistema telefônico. Já temos em órbita microsatélites equipados com Packet Radio (PACSAT, LUSAT), que recebem a mensagem e retransmitem à estação destinatária em qualquer parte do mundo por onde eles passam. E mesmo sem satélite, o radioamador pode obter resultados semelhantes, equipando seu veículo com transceptor de VHF e a sua estação fixa com sistema de telecomando. Com isso ele poderá ligar do carro seu transceptor de HF, seu amplificador linear, sintonizar os dois para a freqüência em que deseja operar, girar a antena de ondas curtas para a direção desejada e estabelecer contatos de seu automóvel - com todas as conveniências de uma estação fixa bem equipada - em ondas curtas.
A tecnologia de VHF, que foi descartada na virada do século por ser considerada de pouco alcance, tomou-se na última década do mesmo século não somente de alcance mundial, mas foi muito além, aonde as ondas curtas, médias e longas não mais puderam ser utilizadas. De fato, com a única exceção dos satélites amadores russos RS, todas as comunicações para fora de nosso planeta são efetuadas em VHF, UHF e SHF, como acontece, por exemplo, nos contatos com a sonda Pioneer, que já ultrapassou Plutão, o último planeta do sistema solar.

Espectro de VHF

Na Faixa de 2 metros (Operação Classes A, B e C)

Faixa (kHz)Aplicações
144,000 a 144,050
CW Reflexão lunar em CW prioritário.

Contatos terrestres em CW autorizados desde que não prejudiquem a atividade prioritária segmento

144,050 a 144,100
CW

144,090
Freqüência de chamada CW.

144,100 a 144,200
Fonia SSB, CW e Teletipo SSB Reflexão lunar e sinais fracos em SSB e eventuais contatos em CW.
Teletipo SSB desde que não prejudiquem modo prioritário ou interfiram em segmentos adjacentes.

144,200 a 144,275
Fonia SSB e CW 144.200 freqüência de chamada Fonia SSB.

144,275 a 144,300
CW Emissões piloto.

144,300 a 144,500
Autorizados para comunicação via satélite (prioritário), CW, Fonia SSB e Fonia FM.

Contatos terrestres em CW e Fonia SSB e Fonia FM desde que não prejudiquem modo prioritário ou interfiram em segmentos adjacentes.

144,500 a 144,600
Fonia FM/PM Simplex sinais fracos.

144,600 a 144,900
Fonia FM/PM Entrada de repetidoras, Saída + 600 kHz.

144,900 a 145,100
Dados FM/PM Exclusivo Radio Pacote.

145,100 a 145,200
Fonia FM/PM Simplex sinais fracos.

145,200 a 145,500
Fonia FM/PM Repetidoras (saída). Entrada – 600 kHz.

145,500 a 145,565
Todos os modos. Exceto Radio Pacote.

Modos experimentais prioritários (não devem interferir em segmentos adjacentes).

Demais modos desde que não prejudiquem modo prioritário ou interfiram em segmentos adjacentes

145,565 a 145,575
Dados FM/PM Exclusivo APRS

145,575 a 145,800
Todos os modos. Exceto Radio Pacote.

Modos experimentais prioritário (não devem interferir em segmentos adjacentes).

Demais modos desde que não prejudiquem modo prioritário ou interfiram em segmentos adjacentes.

145,800 a 146,000
Autorizados para comunicação via satélite.

146,000 a 146,390
Fonia FM/PM Entrada de repetidoras, Saída + 600 kHz.

146,390 a 146,600
Fonia FM/PM Simplex

146,600 a 146,990
Fonia FM/PM Saída de repetidoras, Entrada – 600 kHz

146,990 a 147,400
Fonia FM/PM Saída de repetidoras, Entrada + 600 kHz.

147,400 a 147,590
Fonia FM/PM Simplex

147,590 a 148,000
Fonia FM/PM Entrada de repetidoras, Saída - 600 kHz.

Freqüência de chamada é aquela que, destinada ao fim especifico declarado, serve tanto para chamar com para atender, seguindo-se de imediato pedido de QSY para determinada freqüência por parte de quem chamou. Mantenha-a sempre livre para que outros possam usa-la. Em caso de QSO preestabelecido, determine freqüência antecipadamente para não utilizar a freqüência de chamada e depois ter que passar para outra.A lei não faz restrições a modo de transmissão nestas freqüências. No entanto, usar-se modo diferente do costumeiro FM (salvo curtas experimentações ou emergência), é considerado comportamento estranho, se não antiético e pouco cavalheiresco. No caso de praticas de telegrafia modulada (aulas) ou de RTTY. Seria conveniente o uso de um dos canais do segmento superior de faixa, comumente livres, para não causar interferência nas freqüências não canalizadas (Esta recomendação não é valida no segmento de 144900kHz a 145.100 kHz, onde a Legislação Brasileira, no tocante ao Packet, permite Emissões Digitais).Neste segmento, a Legislação Brasileira prevê que de 145.500kHz a 145.800 kHz destina-se a todos os tipos de emissão e que, de 145.800kHz a 146.000kHz, temos comunicações via satélite (emissões digitais).Recomendação geral: em todos os segmentos não canalizados evitar transmissão exatamente na freqüência limítrofe. As laterais de modulação ou o desvio de freqüência fatalmente penetrarão no segmento não permitido, sujeitando o operador a sanções legais.Vale ainda lembrar que este arquivo foi elaborado tendo por base os planos da IARU, o que não significa, necessariamente, a adoção total por parte dos paises signatários, do que é estabelecido na integra. Cada pais adapta os planos as suas necessidades e interesses, resguardada, entretanto, a essência dos planos, o que resulta em raras e escassas discordâncias para com os mesmos (como as mencionadas nessa reedição).

USO DE ESTAÇÕES DE REPETIDORAS
Para quem usa de estações repetidoras continuamente, seria bom ter sempre presente a idéia, primeiro, de que a estação nem sempre está instalada, ao alcance fácil, no quintal do seu administrador; e, segundo, de que nem sempre o equipamento é infinitamente resistente. Para chegar-se às instalações de repetidoras faz-se necessário deslocamento, até de 100 km, para proporcionar-lhe a manutenção indispensável à sua permanência "no ar" como todos os radioamadores desejam.
1 - Por trás de uma repetidora há sempre um responsável, seja uma sociedade, seja o representante dela, radioamador classe "A", que por ela responde perante a ANATEL.
As conversas equilibradas, sensatas, cordiais, são sempre bem-vindas à comunidade dos radioamadores, seja o participante, associado ou não, do grupo responsável pela repetidora.. Quando, entretanto, o comportamento desanda para o inconseqüente, quando a repetição de acionamento do PTT é intencional para geração de onda portadora prejudicial, aí se configura o desrespeito, não apenas a quem é destinada a "brincadeira de mau-gosto", mas também àquele que administra a estação repetidora, da qual é o principal responsável perante a ANATEL. Pelos desmandos e desrespeitos praticados na faixa de operação da repetidora, o radioamador responsável é quem sempre vai convocado para justificar-se junto ao órgão fiscalizador.
2 - Ao equipamento em utilização deve-se dar reais condições de fôlego. E isto nem sempre acontece. No entusiasmo da conversa animada, interessante, jocosa, o comunicado se alonga por minutos a fio, ultrapassando o tempo-limite definido para a duração de um câmbio, recomendado e definido em três minutos. O uso demorado, sem a liberação do PTT, sempre "derruba" a repetidora que deixa de funcionar, e depois de alguns minutos voltará a funcionar, quando readquirir novo alento. Faz-se necessário dar à repetidora seu tempo de "respirar".
Todos nós defendemos a permanência, no ar, das repetidoras que nos servem, bem distantes da ameaça de penalidades que hoje pesam sobre elas, em decorrência de comportamento reprovável de poucos.

ÉTICA OPERACIONAL

1 - Sempre que for solicitar algum colega, solicite-o pelo indicativo . Agindo dessa maneira, quem está na escuta não terá dúvidas de que é um radioamador que está querendo usar o repetidor.
2 - Sempre que entrar em alguma rodada, certifique-se que sabe o prefixo e o nome de cada um dos integrantes, bem como o assunto em pauta. Não existe coisa mais desagradável do que você estar falando com os amigos e alguém entrar interrompendo, fazendo "ping-pong" e não cumprimentando ninguén.
3 - Não tome partido sobre assuntos polêmicos.
4 - Se você não tem nada relacionado ao assunto que está em pauta para dizer, não entre . É melhor ficar só na escuta, pois entrando "apenas para dizer boa tarde", interrompe o QSO, e depois, por educação, passarão outra vez a palavra para vocêque continuará sem nada para dizer.
5 - Tenha um vocabulário adequado. Um bom vocabulário tem de estar isento do excesso de termos pobres e vulgares, como palavrões e gírias. Por outro lado, não se recomenda um vocabulário repleto de palavras difíceis e quase sempre incompreensíveis.
6 - Seja cortez e educado. Lembre-se que embora a maioria absoluta de radioamadores sejam do sexo masculino, em suas casas sempre haverão crianças e mulheres ouvindo. Certa vez, estava acontecendo uma discução no repetidor e o nível baixou completamente. Minha esposa ouviu e me perguntou se era com isso que eu perdia horas e horas no "shack". Durma com esse barulho!
7 - Não ofenda e nem faça comentários pejorativos. Está se tornando comum "certos" radioamadores fazerem comentários maldosos no repetidor. Comentários que ofendem e constrangem não só o radioamador que querem atingir, mas também os outros que estão ouvindo. Esse tipo de comportamento deverá ser banido a qualquer custo. Portanto não se surpreendam se o repetidor for desligado no meio de um QSO.
8 - Se encontrar alguém sem prefixo usando o repetidor, ou chame-o para um direto ou saia da freqüência. Lembre-se, o pessoal da fiscalização da Anatel agora consegue ouvir o repetidor lá de São Paulo. Você está cansado de saber que não pode manter contato com clandestinos.
9 - Quando ouvir alguma portadora, evite comentar na freqüência . Faça de conta que não está atrapalhando ou se realmente estiver, diga que precisa desligar. A pessoa que dá portadora adora saber quanto você a odeia, quanto mais você reclama, mais ela fica feliz. Se você simplesmente a ignora, logo ela desiste.
10 - Quando precisa falar com algum colega sobre algum assunto muito específico, verifique se não conseguem contato pelo direto , assim o repetidor fica livre para alguém que precise usa-lo e vocês não serão interrompidos no assunto.
11 - Desestimule as pessoas que conhece que não tenham prefixo a usar os repetidores. Explique dos problemas que eles podem nos trazer.
Incentive-o a estudar as apostilas e a fazer o exame.

Colaboração: PY2JF, João Roberto

MAPA DE PROPAGAÇÃO PARA VHF
Aos colegas que gostam do VHF, não deixem de verificar o mapa de propagação para VHF e UHF. As informações são disponibilizadas para o momento, portanto, sempre atuais. Tenha o hábito de consultar o mapa e fazer DX com outras localidades.
Mapa de propagação disponível em:
www.dxinfocentre.com