Radioamador veterano
e Escritor
dezembro
de 2014
Trabalhar
satélites desde uma ilha tropical, desde o alto de uma montanha ou desde o
jardim de tua casa é fácil e divertido, sempre que tenhas o equipamento
adequado e um pouco de experiência. Anima-te, vamos fazê-lo
!!! Trabalhar satélites desde lugares remotos ou
localizações interessantes é uma gratificante experiência tanto para quem
o faz como para quem realiza o QSO contigo.
Trabalhar outras estações enquanto estas de férias ou em viagem de negócios dá
um toque especial à viagem. Não obstante, há uns
quantos truques que te ajudaram a trabalhar satélites, inclusive nos piores
passos... Para um contacto bem
sucedido deves escutar o satélite e ele deve de te escutar a ti. A
maior parte dos colegas que têm problemas a trabalhar o "pássaro" é
porque não o escutam bem. Como, " no
espaço, a propagação é sempre boa ", se escutas o satélite alto e claro,
fazer o contacto será uma questão de acertar a eleição da freqüência de subida
e em escolher bem o horário. Lembrando um velho
ditado: "Se podes ouvi-lo, poderás trabalhá-lo!
"... e isso é especialmente certo se falamos de
satélites. Alguns radioamadores transmitem
através de satélites que apenas podem escutar. São
conhecidos como "Alligators" (Crocodilos), porque são todos boca
grande e têm pouco ouvido. Para evitar que te cataloguem como
tal, é recomendável que possas escutar o teu próprio sinal emitido pelo
satélite na freqüência de downlink. Uma vez
que possas ouvir-te a ti mesmo no downlink, saberás que a coisa funciona em
ambas as direções. Nas zonas muito populadas, é
habitual que muitos colegas tentem trabalhar o satélite ao mesmo tempo, o
qual pode tornar-se muito difícil ou quase impossível, a uma estação
portátil que habitualmente usa menos potência. Os fins
de semana e dias festivos requerem um pouco mais de paciência.
Trabalhar os passos baixos pelo horizonte (com poucas estações ativas) é o mais
recomendável para operadores portáteis. Põe à prova as tuas
técnicas como operador de satélites em portáteis usando os "pássaros
" mais fáceis: Os que funcionam como repetidores de FM
no espaço (OSCAR 14, OSCAR 27). Supondo
que, necessitarás de um software para saber quando passa cada
satélite sobre a tua zona. Há uma multiplicidade de
programas que te facilitam essa missão, na secção de software poderás encontrar
alguns.
TRABALHANDO
COM ANTENAS de PORTÁTEIS
Apesar
da maior parte das antenas de portáteis não terem ganho suficiente para escutar
o sinal dos satélites, algumas podem ser úteis em certos
passos. Há alguns anos atrás era muito difícil escutar
o OSCAR 27, mas hoje em dia o OSCAR 14 tem sinais bastante mais
fortes. As antenas de maior ganho são melhores, e isso
significa que quanto mais larga seja a antena do portátil melhor
trabalhará. O AO27 e o UO14 têm downlink em 70cm
(UHF) o que torna a escuta mais difícil. Para escutar estes dois
satélites podem-se usar objetos perto e inclusive a orografia do terreno para
uma melhor recepção. Um dos truques mais estendidos é
por o portátil voltado para baixo. Assim, os sinais refletidos no solo ajudam a
melhorar a escuta. Ao usar auriculares permite-nos mover o portátil
facilmente, para encontrar a melhor posição. Aquilo dito até agora
funciona bem para a recepção, mas transmitir sem um microfone externo será uma
tarefa difícil. O truque de dar a volta ao
portátil funciona melhor com os passos que são de 10 a 30 graus sobre o
horizonte. Para os passos mais altos (por cima da tua
cabeça) funciona bem por o portátil a uns poucos centímetros sobre o teto do
carro. Se te aborrece a procura, há um procedimento que
funciona perfeitamente com a antena Diamond RH77CA(ou
similares): Estaciona o carro na direção norte
sul com a parte dianteira apontando à direção por onde aparecerá o
satélite. Ao começar a passagem, põe a antena a
uns 20 cms da chapa do carro. Habitualmente encontrarás
ai uma boa reflexão no inicio da
passagem. Quando o satélite alcança uns 15 graus
de elevação, surge um bom ponto entre a chapa do carro e o pára-brisas.
Mantendo o portátil vertical e com o conector de antena à altura do teto do
carro obtêm-se bons resultados para passos sobre ti e de media
elevação. Chegando ao final da passagem, passa-te para
a zona da mala para encontrar boas reflexões. Esta técnica funciona
perfeitamente com o UO14 mas não tanto com o AO27. Com o UO14
e o AO27, usar antenas "rubber duck" (antenas que vem com o
portátil) é uma desvantagem durante os passos muito
concorridos. Apesar de que o AO27 pode ser
trabalhado com apenas 100 mW e uma antena "rubber duck", o uso de FM
faz com que cheguem os sinais mais fortes e os mais débeis sejam
ignorados... Se tentas trabalhar um satélite
desde tua casa, um hotel ou apartamento, seguramente escutarás o sinal do satélite
com um portátil e a sua antena mas isso não significa que vás ter
êxito. Para melhorar as condições põe-te perto
das partes metálicas dos balcões ou janelas, refletem melhor o sinal.
TRABALHANDO
COM UMA ANTENA "FLECHA" :
Link à antena
: Arrow II satellite
Com duas antenas ligeiras em um só boom, a "antena flecha" é perfeita
para operar satélites de forma portátil.
Para fabricar uma antena similar por tua conta, terás que montar uma antena
diretiva de VHF de 3 elementos e uma de 7 elementos de UHF, com ângulos
corretos no mesmo boom. Embora isso se possa
conseguir rapidamente, a facilidade de montagem da antena "flecha" é
o que a torna especialmente útil para portátil. A forma
ortogonal desta antena não é um problema, mas se o satélite estivesse na terra
e as suas antenas fossem da mesma polaridade, o desenho de diretiva
cruzada seria um problema. Como os sinais dos satélites
atravessam a ionosfera, mudam de polaridade devido à Rotação
de Faraday (quando os sinais chegam à terra, a
polarização original já foi mudada. Se os sinais
de 2 metros e 70 cms são da mesma polaridade um ligeiro giro da antena pode
ajudar-nos muito). Com o AO-27, a antena
"flecha" oferece boas condições com os seus 7 elementos, inclusive
quando o satélite está já sobre o horizonte. O
UO14 tem um sinal de downlink mais forte, pelo qual os contatos se fazem mais
facilmente. A antena também trabalha com os FO-20 e
FO29 embora a operação possa ser mais complexa. O
AO10 pode ser trabalhado no seu perigeo com esta antena, mas por razões de
segurança, é recomendável não sujeitar a antena se operas com mais de 10
W. Os passos baixos é realmente onde esta antena oferece a
sua maior qualidade. É nestes passos quando se
conseguem os DX mais atrativos e quando há menos colegas trabalhando o
satélite. À medida que o satélite passa pelo horizonte,
coloca a antena perto do solo. As
estacionárias (SWR) podem subir, mas assim recorrerás às reflexões do solo e
melhorarás as condições. Esta técnica pode permitir que
uma estação no Alasca possa contatar com as estações no resto dos EUA sem
problemas. Se o terreno é plano, melhor ainda.
Os altos de uma montanha têm uma boa orientação para o horizonte
mas não tem boas superfícies refletoras. Use
a antena que use, é importante observar o terreno que te rodeia e o céu. Veja
se há tempestades. Uma boa regra é: "Se não
há nuvens de tempestade, não haverá raios num raio de 5
kms"... Veja se há linhas da rede elétrica ou árvores
perto. As torres elétricas tendem a interferir e podem
ser perigosas. Veja também se há antenas sobre as montanhas ou edifícios
próximos. Finalmente, olha para o céu e traça
mentalmente o trajeto que seguirá o satélite. Com
uns poucos preparativos, inclusive em plena cidade, poderás ter visibilidade do
horizonte. Para trabalhar qualquer satélite com uma
antena linear (dipolo rígido etc...) começa apontando-a para a zona por
onde aparecerá o satélite sobre o horizonte.
Em FM, uma vez que o satélite está visível, o receptor começará a mostrar
sinais, mas não emitas todavia. Gira ligeiramente a antena
para procurar a polaridade do sinal, logo localiza o sinal movendo um pouco a
antena para trás e frente. À medida que o satélite se eleva, o sinal irá
aumentando. Nos passos muito concorridos, a maior
atividade se centra sobretudo durante os primeiros
minutos. À medida que o satélite passa por cima,
segue-lhe o trajeto procurando a maior força do sinal, primeiro com a
polaridade, logo com a posição. Quando está em cima de nós, o AO27 tende a ter
um sinal mais débil. Se o sinal baixa de repente, gira
a antena e aponta-a à zona por onde passa o satélite. O
UO14 tem um desvanecimento similar, mas são muito mais infrequentes e duram
bastante menos.
TRABALHANDO
SATÉLITES EM SSB DESDE UMA ESTAÇÃO PORTÁTIL:
Os
satélites de VHF e UHF de SSB também podem ser trabalhados com uma estação
portátil. Apesar de não existirem portáteis bi-banda com SSB, existem vários
equipamentos que nos serão úteis. O Yaesu FT-847, o Kenwood 2000, o ICOM 821 ou o Yaesu FT 817 são suficientemente pequenos para
serem colocados numa maleta. Também podes usar um equipamento de 28 Mhz e um
transverter. Se o montas num carro, usa um cabo apropriado com fusíveis para
conectá-lo diretamente à bateria (não ao isqueiro). Se não usas um carro
assegura-te de ir equipado com uma bateria de 18 A/h, a ser possível das
fechadas para não derramar ácido para nenhum lado. Se usas uma emissora grande,
seria interessante utilizar um tripé ou mastro para por a
antena. Trabalhar satélites em SSB é um pouco mais
difícil que os de FM. A freqüência deve ser ajustada
quase continuamente devido ao efeito de doppler. Também será
mais difícil encontrar o sinal do satélite porque não há portadora de
FM. Para começar o passo é recomendável ter memorizado no
equipamento a primeira freqüência de doppler. Apesar de que pôr a antena num
tripé ou mastro ajuda a ter livres as duas mãos, todavia necessitarás de
ajustar a antena. À medida que a passagem começa e termina, a antena pode
estar na mesma posição durante 2 ou 4 minutos. Na metade da passagem seguramente
necessitarás de mover a antena rapidamente para manter o sinal. Recorda
que é habitual perder o sinal do satélite quando esta justo sobre tua pessoa .
INTERFERÊNCIAS: Embora
não seja obrigatório, sempre será recomendável afastar-se das cidades e
geradores de eletricidade. Antes de trabalhar uma
passagem, há uma escuta rápida para comprovar que não há
interferências. Dos três tipos de interferências, as próprias geradas
pelo equipamento, intermodulações e harmônicos, as geradas pelo próprio
equipamento são as mais fáceis de entender. O principal
amplificador do equipamento recebe sinais não desejadas que podem
interferir com os sinais de um satélite, obviamente bastante mais
débeis. Em 70 cms os maiores inimigos são as freqüências
comerciais de 450 Mhz e o áudio de canais de TV. Em
zonas onde se pratica o ATV em UHF também podem gerar-se
interferências. As intermodulações podem vir de
emissores perto ou de emissores a vários kms de distância. A
interferência de harmônicos proveniente de emissores perto ou freqüências
refletidas. Todos estes tipos de interferências são muito habituais
Para evitar a sobrecarga do receptor podes tentar reduzir a
interferência apontando a antena a outro ponto ou usando um filtro. A empresa Par Electronics fabrica um para 152 Mhz que é
válido para as nossas freqüências, logo tens os filtros interdigitais (como este ou o descrito na pagina 6-1 e 6-2 do Manual
de projetos de UHF e Microondas publicado pela ARRL que tem uns bloqueadores
de interferências excelentes. Pese embora estes filtros
ajudem muito a evitar interferências também fazem com que o sinal do satélite
seja mais débil porque atenuam os sinais. As
interferências por intermodulações são causadas por sobrecarga do receptor ou
pela mistura de outras duas fontes. Quando os sinais
"f1" e "f2" se misturam, originam harmônicos em f1-f2 e
f1+f2. A maior parte das emissoras
têm filtros passa-banda e um misturador para misturar o oscilador local e
os sinais recebidos com a finalidade de gerar a freqüência intermédia
(IF). As interferências de harmônico geralmente só se
podem evitar no lugar de origem. Embora apontar a antena a
outro lado ajude, normalmente não reduz o problema o suficiente como para
trabalhar uma boa passagem do satélite. Por exemplo, se
alguém emite em 145.600 Mhz seguramente gerará o seu terceiro harmônico em
436.800 Mhz. A não ser que digas ao colega que se cale
enquanto dura a passagem, pouco mas poderá ser feito. Uma vez mais,
a melhor forma de evitar interferências é afastar-se o mais possível da fonte
que a origina...
CONCLUSÃO:
Há uma grande quantidade de formas e
métodos de desfrutar da operação via satélite desde uma estação
portátil. Por isso lembra-te: Afastas-te das interferências e
das estações de muita potência. Nós ouvimos os "pássaros" !!!!
73 do Mário PY2 MX K
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